Não requer prática tampouco habilidade. Muito menos grandes quantias de dinheiro. Ingerir diariamente uma banana é o suficiente para reduzir de forma significativa a possibilidade de ataques cardíacos em mulheres no período pós-menopausa. Foi o que revelou uma pesquisa realizada com quase cem mil mulheres nos Estados Unidos divulgada recentemente.
Essa cota diária de banana é mais que o suficiente para prover o organismo de pouco mais dos 3,2 g de potássio necessários para reduzir os riscos dos temidos infartos a que as pessoas ficam mais propensas com o passar dos anos, pois suas artérias, aqueles órgãos encarregados de fazer o sangue fluir por todo o corpo, vão ficando entupidas e perdendo a elasticidade.
Outras fontes podem fornecer o potássio necessário
A banana, naturalmente, não é a única fonte de potássio existente. Ela foi tomada como um símbolo por ser um item capaz ser encontrado com facilidade em feiras, lojas de hortifrutigranjeiros e supermercados e, em comparação com outras frutas, pode ser considerado bastante barata.
Quem não tem particular gosto por bananas, pode substituí-las por uma batata cozida, um punhado de damascos secos, um abacate, uma maçã ou, para evitar ficar enfadado com a repetição de um mesmo alimento todos os dias, ir variando a dieta, mas garantindo a quantidade mínima necessária de potássio capaz de prevenir o acontecimento de um infarto.
Estudo observou alimentação de mulheres por 11 anos
O estudo foi publicado na edição de setembro da revista Stroke (que significa infarto em inglês), que é editada pela American Heart Association ( Associação do Coração dos Estados Unidos). Ele acompanhou a rotina alimentar de 90.137 mulheres no período pós-menopausa, com idades entre 50 e 79 anos, e fez uma avaliação do número de infartos e de mortes causadas por eventos cardíacos nessa população.
De acordo com as conclusões do estudo, a partir dos dados recolhidos ao longo de 11 anos, mulheres que possuem uma dieta mais rica em potássio têm possibilidade 12% menor de sofrer um infarto e 10% menos chances de morrer de problemas cardíacos daquelas que em sua alimentação consomem menos que 1,9 g de potássio por dia. Esses números incluem todos os indivíduos estudados, sem segmentação de acordo com o estado de saúde.
Mulheres com pressão boa mostram índice mais significativo
Se forem levadas em consideração apenas as mulheres cuja pressão arterial estava normal, ou seja, quem antes do início do estudo não tinha qualquer problema no sistema de bombeamento sanguíneo, os números são ainda mais significativos. Esse grupo apresenta uma possibilidade 21% menor de sofrer um infarto em comparação com indivíduos que têm pouco potássio na alimentação.
Mulheres que já sofriam previamente de pressão arterial elevada, diminuíram o risco de morte cardíaca em relação àquelas que ingeriam menos potássio diariamente. Todavia, a ingestão dessa substância não diminuiu de forma significativa os riscos de infarto. “Estudos anteriores haviam demonstrado que o consumo de potássio era capaz de reduzir a pressão arterial. Mas não eram claros em relação à sua capacidade de prevenir um infarto ou a morte (cardíaca)”, afirmou uma das autoras do estudo, Sylvia Wassertheil-Smoller, que trabalha no Albert Einstein College of Medicine, de Nova York.
Infarto é segunda causa de morte mais comum no Brasil
O infarto é uma das principais causas de morte no mundo todo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 16,6 milhões de pessoas morrem anualmente por doenças cardíacas. No Brasil, é a segunda mais comum. Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, 79 mil pessoas morreram vítimas de infarto em 2010 (sendo que 75 mil foram atendidas pelo Sistema Único de Saúde). A cada cinco infartos, um resulta em óbito. O Rio Grande do Sul é o estado que mais óbitos tem por essa razão. São 7,82 para cada 100 mil habitantes. São Paulo vem a seguir com uma taxa de 7,33 mortes por infarto para cada 100 mil pessoas que moram no Estado.
Embora o estudo norte-americano tenha sido feito com mulheres na fase pós menopausa e a conclusão seja restrita a elas, Wassertheil-Smoller afirmou acreditar que o resultado pode se aplicar também para homens e mulheres de outras faixas etárias. “Todo mundo pode se beneficiar de comer mais frutas e legumes”, afirmou.
Potássio em excesso pode prejudicar quem tem problema renal
Porém, não se deve consumir potássio de forma indiscriminada. Algumas pessoas têm excesso dessa substância no sangue e isso pode causar o efeito contrário do que se espera, causando danos ao coração. “As pessoas devem verificar com seu médico sobre a quantidade de potássio que devem comer, principalmente aquelas que sofrem de algum problema renal”, disse Wassertheil-Smoller.
Mesmo para quem o consumo de potássio diário seja recomendado, ele poderá não ser suficiente para controlar condições cardíacas mais graves, de acordo com o médico Shamir Quadir, responsável pelo setor de comunicação da Stroke Association (Associação do Infarto), da Grã-Bretanha. “Os resultados indicam que, para as mulheres com 50 anos ou mais, que têm pressão arterial elevada, uma dieta rica em potássio não será suficiente para reduzir o risco de infarto. Há muitos passos simples que as pessoas podem tomar para reduzir o seu risco de ataque cardíaco como o exercícios regulares e deixar de fumar”, recomendou.
A principal causa do infarto é a obstrução da artéria do coração devido à formação de uma placa de gordura. O tratamento mais comum para essa obstrução é uma cirurgia chamada angioplastia coronariana, que consiste na desobstrução da região com a colocação de um cateter que carrega um balão (stent). Ele é inflado ao chegar ao local e lá deixado para que o sangue possa voltar a fluir.
Fonte: Simplesmente Química